Já dizia o ditado popular: “A mentira é como uma bola de neve, quanto mais rola, mais cresce”. E Martinho Lutero, autor da frase, tinha razão. Segundo uma pesquisa, realizada pela Universidade College London e publicada na revista científica “Nature Neuroscience”, mostrou que o cérebro se habitua ao ato de contar mentiras.

No começo, as pessoas que mentem sentem-se culpadas, mas com o tempo, esse sentimento vai diminuindo. Mentiras pequenas vão tornando-se cada vez maiores. Ainda mais quando está relacionado com comportamentos desonestos em prol do benefício próprio.

As mentiras recorrentes diminuem as atividades da amígdala cerebelosa, região cerebral ligada as emoções. Assim, a sensibilidade vai reduzindo progressivamente.

Por que mentimos?

Mentir é uma forma de deturpar a realidade e inventar histórias. As pessoas fazem isso por diversos motivos. Na infância, a mentira pode ser usada para conseguir algo em troca, por exemplo, quando a criança promete que vai se comportar se ganhar um brinquedo.

A mentira pode ainda ser usada para esconder alguma dificuldade, como quando um indivíduo finge saber mais de determinado assunto do que realmente sabe em uma entrevista de emprego.

Como a mentira é formada no cérebro?

A formação da mentira no cérebro passa por três etapas principais: percepção da necessidade de mentir, planejamento da mentira e validação da mentira.

Percepção da necessidade de mentir

Uma das primeiras áreas ativadas quando uma pessoa está prestes a mentir é a ínsula. Essa região é responsável pela consciência emocional e pela percepção externa de sensações como dor e temperatura.

Planejamento da mentira

Uma vez que a pessoa decide mentir, o cérebro começa a trabalhar nessa mentira. Nesse momento, existem duas estruturas fundamentais: o córtex pré-frontal, responsável pela razão, e o hipocampo, responsável pela memória.

Validação da mentira

Outro processo importante é realizado pelo córtex cingulado anterior, uma região ligada à detecção de erros, antecipação de tarefas e modulação de respostas emocionais.

Quando a mentira vira uma compulsão?

Embora mentir uma vez ou outra faça parte do comportamento humano, fazer isso de forma excessiva e descontrolada pode indicar a presença de uma patologia chamada mitomania.

O que é a mitomania?

A mitomania é um transtorno psicológico em que a pessoa possui uma tendência compulsiva por mentira.

O que causa a mitomania?

As causas da mitomania não são totalmente conhecidas, mas estudos indicam que a condição pode surgir por decorrência de antecedentes traumáticos ou epilepsia.

Qual é o tratamento para a mitomania?

O tratamento para a mitomania geralmente consiste em psicoterapia para trabalhar os sintomas. O acompanhamento psicoterapêutico trabalhará, principalmente, a ansiedade e depressão resultantes desse conflito psíquico.

As consequências da mentira para o cérebro

Quando mentimos, três partes principais do nosso cérebro são estimuladas: o lobo frontal, que tem a capacidade de suprimir a verdade, devido ao seu papel intelectual; o sistema límbico, devido à ansiedade que vem junto com a decepção; e as amígdalas das regiões temporais, que acendem a “luz vermelha” quando fazemos algo de perigoso, errado ou imoral.