O Dr. Jorge Lourenço Rocha, renomado especialista em psiquiatria e neurociências, tem desempenhado um papel fundamental na evolução do tratamento do Transtorno Afetivo Bipolar (TAB), uma condição psiquiátrica complexa que afeta milhões de pessoas em todo o mundo. O Centro de Atendimento em Neurocirurgia, Psicologia e Psiquiatria (CANPP) de Florianópolis tem sido um dos principais centros de referência para estudos e aplicação de novas abordagens terapêuticas para o transtorno, promovendo melhorias significativas na qualidade de vida dos pacientes.
Prevalência e Impacto Global
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o transtorno bipolar afeta aproximadamente 140 milhões de pessoas globalmente, sendo uma das principais causas de incapacidade devido às oscilações extremas de humor. Essas alterações impactam significativamente o comportamento e as relações sociais dos indivíduos, comprometendo sua funcionalidade no dia a dia.
Diagnóstico e Desafios Associados
O diagnóstico do TAB é desafiador, pois seus sintomas podem ser confundidos com outras condições psiquiátricas, como a depressão unipolar. A doença se divide em dois principais subtipos:
- Transtorno Bipolar Tipo I: Caracterizado por episódios maníacos intensos, que duram pelo menos sete dias e podem ser acompanhados de depressão. Durante a fase maníaca, o paciente pode apresentar delírios de grandeza, hiperatividade e comportamento impulsivo.
- Transtorno Bipolar Tipo II: Envolve episódios de hipomania (uma forma mais branda de mania) e depressão grave. A hipomania pode passar despercebida, tornando o diagnóstico mais complexo e muitas vezes tardio.
Estudos indicam que pode levar de cinco a dez anos entre o início dos sintomas e a identificação correta do transtorno, resultando em diversas internações hospitalares e um risco aumentado de suicídio.
Fatores Genéticos e Comorbidades
O TAB possui um forte componente genético, sendo 80% dos casos associados à herdabilidade. Indivíduos com histórico familiar de depressão, alcoolismo ou transtornos de ansiedade têm maior propensão a desenvolver a condição.
Além disso, há diferenças significativas entre gêneros na manifestação do transtorno:
- Mulheres tendem a apresentar mais sintomas depressivos, episódios mistos e ciclagem rápida, além de comorbidades como doenças da tireoide e transtornos de ansiedade.
- Homens apresentam maior prevalência de transtornos relacionados ao uso de substâncias.
Avanços no Tratamento e Políticas de Saúde Pública
Com os avanços recentes, o Ministério da Saúde do Brasil incorporou uma linha completa de medicamentos para o TAB, incluindo Clozapina, Lamotrigina, Olanzapina, Quetiapina e Risperidona. Essa medida visa atender 270 mil brasileiros já no primeiro ano, com um investimento estimado em R$ 755 milhões ao longo de cinco anos.
Além disso, foi publicado o primeiro Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) para padronizar o tratamento e o acompanhamento dos pacientes com TAB, proporcionando um atendimento mais eficiente e acessível.
Terapias Inovadoras: A Contribuição do CANPP
O Centro de Atendimento em Neurocirurgia, Psicologia e Psiquiatria (CANPP), em Florianópolis, tem desempenhado um papel essencial na busca por alternativas terapêuticas inovadoras. A Estimulação Magnética Transcraniana (EMT), por exemplo, tem se mostrado promissora no tratamento da depressão bipolar resistente, oferecendo uma opção não invasiva para pacientes que não respondem adequadamente aos medicamentos tradicionais.
Outra abordagem em estudo é a psicoterapia cognitivo-comportamental personalizada, que, aliada ao uso de novas tecnologias, auxilia os pacientes no gerenciamento das oscilações de humor e na melhoria da qualidade de vida.
Atenção Especializada e Conscientização
Hospitais especializados, como o Hospital de Saúde Mental (HSM), têm oferecido acompanhamento especializado para pacientes com TAB, incluindo suporte psicológico e psiquiátrico. Eventos como o BipoMarço, promovido pelo HSM, têm sido fundamentais para disseminar conhecimento sobre o transtorno, abordando aspectos clínicos, históricos e terapêuticos.
Conclusão
O transtorno afetivo bipolar continua sendo um grande desafio para a saúde pública devido à sua complexidade e impacto significativo na vida dos pacientes. No entanto, os avanços recentes em diagnóstico, tratamento e políticas públicas oferecem uma perspectiva otimista para o futuro. O investimento contínuo em pesquisa, a ampliação do acesso aos tratamentos e a conscientização da população são essenciais para proporcionar uma melhor qualidade de vida para aqueles que convivem com o TAB.
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