A ansiedade para as crianças, assim como para os adultos, é um sentimento desagradável derivado de uma ameaça potencial ou real, iminente ou remota. As crianças por não se conhecerem tão bem como os adultos se conhecem, podem não saber descrever esse sentimento ou podem nem mesmo identificar que existe algo errado, o que é verificado por quem convive com elas através das alterações de comportamento da criança.

Quando a criança reconhece a ansiedade, pode não perceber se tratar de algo exagerado ou anormal. Cada pessoa adulta, por ter passado por várias experiências de vida, sabe identificar a correspondência que há entre os eventos ameaçadores externos e o grau de ansiedade gerado. As crianças ainda não tiveram a oportunidade de viver diversas situações ansiogênicas por isso podem não reconhecer o exagero de suas respostas, não percebendo que algo não está bem consigo mesmas.

A maneira básica de diferenciar uma ansiedade normal da patológica é pela intensidade e duração da resposta de ansiedade ao estímulo. As respostas normais são passageiras e sua intensidade varia de acordo com a gravidade das ameaças; já a resposta patológica a criança está permanentemente alterada ou quando ocorre um estímulo realmente provocador de ansiedade a resposta da criança é exagerada. Mais intensa do que ocorre para outras crianças da mesma faixa etária e condições sociais.

Os transtornos de ansiedade são caracterizados por não serem derivados de nada: nem de acontecimentos nem de outros transtornos mentais. Quando a criança apresenta mais de um diagnóstico psiquiátrico, sendo um deles a ansiedade, pode se tornar confuso se essa ansiedade é primária ou derivada do outro transtorno. Essa condição não é incomum.

Como nos adultos, a prevalência dos transtornos da ansiedade na criança é elevada, embora um pouco menos que nos adultos. Os mais comuns são o de ansiedade de separação com 4% das crianças, transtorno de ansiedade excessiva com aproximadamente 4% também, as fobias específicas em torno de 3%, a fobia social 1% e o pânico 0,6%. Esses problemas incidem igualmente em meninos e meninas: nos adultos é mais comum nas mulheres.

Tanto nas crianças como nos adolescentes esses transtornos apresentam flutuações, isto é, há épocas em que melhoram e épocas em que pioram. As pioras sempre são justificadas pelos pais por algum acontecimento externo e nas fases de melhora não há mais motivos para se levar ao psiquiatra.

Assim a visita ao profissional é adiada deixando que o paciente sofra desnecessariamente podendo inclusive ter a formação da personalidade influenciada por isso, desenvolvendo-se num adulto inseguro e medroso.