O que é?
O transtorno de ansiedade generalizada é basicamente uma preocupação ou ansiedade excessivas, ou com motivos injustificáveis ou desproporcionais ao nível de ansiedade observado. Para que se faça o diagnóstico de ansiedade generalizada é preciso que outros transtornos de ansiedade como o pânico e a fobia social- por exemplo= tenham sido descartadas. É preciso que essa ansiedade excessiva dure por mais de seis meses continuamente e precisa ser diferenciada da ansiedade normal.
Preocupar-se e ficar ansioso não é apenas uma reação normal, mas necessária para a boa adaptação individual à sociedade e ao ambiente. Como o estado de ansiedade perturba a visão que a pessoa tem a respeito de si mesma e a respeito do que acontece no ambiente é necessário que esse diagnóstico seja sempre feito por um especialista. No caso do paciente ser um profissional da saúde mental, por um outro especialista que não ele próprio.
A informação das características da ansiedade generalizada não é suficiente para que uma pessoa se auto-diagnostique. Mesmo um psiquiatra não teria condições de realizar esse diagnóstico a respeito de si mesmo porque ele não teria imparcialidade para julgar o que tem.
Diagnóstico
Uma das maneiras de diferenciar a ansiedade generalizada da ansiedade normal é através do tempo de duração dos sintomas. A ansiedade normal se restringe a uma determinada situação, e mesmo que uma situação problemática causadora de ansiedade não mude, a pessoa tende a adaptar-se e tolerar melhor a tensão diminuindo o grau de desconforto com o tempo, ainda que a situação permaneça desfavorável.
Assim uma pessoa que permaneça apreensiva, tensa, nervosa por um período superior a seis meses, ainda que tenha um motivo para estar ansiosa, começa a ter critérios para diagnóstico de ansiedade generalizada. Uma vez eliminada a ocorrência de outros transtornos mentais assim como eliminada a possibilidade do estado estar sendo causado por alguma substância ou doença física, podemos admitir o diagnóstico de ansiedade generalizada.
Respeitadas essas condições os sintomas que precisam estar presentes são:
1. Dificuldade para relaxar ou a sensação de que está a ponto de estourar, está no limite do nervosismo
2. Cansa-se com facilidade
3. Dificuldade de concentração e freqüentes esquecimentos
4. Irritabilidade
5. Tensão muscular
6. Dificuldade para adormecer ou sono insatisfatório
Por fim, um critério presente em todos transtornos mentais é o prejuízo no funcionamento pessoal ou marcante sofrimento. Não podemos considerar os sintomas como suficientes para dar o diagnóstico caso o paciente não tenha seu desempenho pessoal, social e familiar afetados.
Características Associadas
A ansiedade patológica se manifesta da mesma forma como a ansiedade normal, ou seja, de múltiplas maneiras, tanto fisicamente como mentalmente. Além de amplamente variáveis os sintomas mudam ao longo do tempo e oscilam permitindo que a pessoa se sinta completamente bem em algumas ocasiões e pior noutras. Nos períodos que os pacientes estão livres dos sintomas, o que pode durar de horas a dias, os pacientes acreditam que ficaram recuperados.
Antes de procurar um médico praticamente todos os paciente tentaram algo para melhorar seu mal estar, seja através de coisas simples como mudar a cor das roupas que veste, seja por meios mais complexos como medicações naturais ou florais. A aparente melhora que muitas vezes obtêm, só faz confundir o paciente pela coincidência que aconteceu entre uma melhora espontânea e temporária da ansiedade .
Depois de alguns dias, quando a ansiedade volta, o paciente fica confuso pois a tentativa inicialmente havia funcionado e depois perdeu a eficácia. As mesmas tentativas são reforçadas ou modificadas e a ausência de resultado ou a falta de correlação entre novas tentativas com o resultado vão deixando o paciente embaraçado, nos casos dessas tentativas de “autotratamento”.
Geralmente após alguns meses as pessoas se cansam e procuram um especialista. Não sabemos por enquanto se este atraso no início do tratamento prejudica o tratamento posterior, tornando-o mais difícil de ser solucionado.
Os Sintomas
A preocupação com a possibilidade de vir a adoecer com algo grave ou sofrer um acidente embora não existam indicativos de que essas coisas possam vir a acontecer é o foco mais comum das preocupações das pessoas com ansiedade generalizada. Algumas pessoas temem mais que os entes queridos sofram algum desses males, como os pais, ou filhos. Estes pacientes estão sempre imaginando situações como essas e freqüentemente se consideram incapazes de lidar com elas caso realmente venham a acontecer.
As variedades dos sintomas de ansiedade são enormes e muitas vezes pessoais. Ganho de peso, por exemplo, tanto pode não ter nenhuma relação com ansiedade como pode, para determinadas pessoas, ser a manifestação mais freqüente. Os sintomas mais comuns então são: boca seca, mãos ou pés úmidos, enjôos ou diarréia, aumento da freqüência urinária, sudorese excessiva, dificuldade de engolir ou sensação de um bolo na garganta, assustar-se com facilidade e de forma mais intensa, sintomas depressivos são comuns desde que não sejam mais exuberantes que os de ansiedade pois isso mudaria o diagnóstico.
O fato desses sintomas citados se parecerem com os sintomas do transtorno do pânico exigem um procedimento para distinção deste porque no pânico, o surgimento deagorafobia é mais comum e requer a indicação de terapia cognitiva. Na ansiedade generalizada não há crises mas estados permanentes e prolongados de desconforto ansioso. Os pacientes com pânico podem experimentar estados de ansiedade prolongada entre uma crise e outra mas as crises de pânico diferenciam um transtorno do outro.
Grupo de Risco
As mulheres são duas vezes mais acometidas pela ansiedade generalizada do que os homens. A prevalência desse transtorno na população é relativamente alta, em torno de 3% da população geral sendo também o tipo de transtorno de ansiedade mais freqüente do grupo dos transtornos de ansiedade. Nos períodos naturais de estresse os sintomas tendem a piorar, ainda que o estresse seja bom, como o próprio casamento ou um novo emprego.
As mulheres abaixo de 20 anos são as mais acometidas, podendo, contudo, começar antes disso, desde a infância, ou pelo contrário, em idades mais avançadas, apesar da idade avançada diminuir as chances do surgimento de transtornos de ansiedade.
Transtornos Associados
Os problemas clínicos como feocromocitoma e alterações dos hormônios tireoideanos, por exemplo, devem sempre ser descartados porque a manifestação clínica dessas doenças é semelhante ao transtorno de pânico. Os demais transtornos de ansiedade também podem confundir o diagnóstico da ansiedade generalizada.
A sistemática eliminação de sintomas serve como procedimento para eliminar transtornos de ansiedade que se parecem com a ansiedade generalizada. A eliminação de crises de ansiedade descarta o transtorno do pânico. A eliminação do comportamento de evitação por lugares específicos descarta a agorafobia; a evitação por submeter-se a avaliação dos outros revela a fobia social; o medo de objetos como sangue ou animais revela a fobia específica; a recorrência de pensamentos revela o transtorno obsessivo-compulsivo e a ausência de acontecimentos traumáticos descarta o estresse pós-traumático.
Na verdade a quantidade de transtornos psiquiátricos ou clínicos é numeroso. Portanto o psiquiatra deve estar sempre atento a sinais ou sintomas que surgem. Há sempre a possibilidade de se tratar de uma outra doença que provoca os sintomas semelhantes a ansiedade generalizada. Geralmente os outros problemas médicos apresentam sintomas inexistentes na ansiedade generalizada, o que deve motivar uma investigação mais detalhada com auxílio de exames de laboratório.
Curso
O transtorno de ansiedade generalizada costuma ser crônico, duradouro com pequenos períodos de remissão dos sintomas mas geralmente leva o paciente a sofrer com o estado de ansiedade elevado durante anos. Pode vir a ceder espontaneamente em alguns casos e não há meios de se prever quando isso acontecerá.
Tratamento
As medicações como os tranquilizantes benzodiazepínicos ou a buspirona são eficazes assim como os antidepressivos. É curioso que os antidepressivos sejam eficazes porem empiricamente observamos esse fato: alguns antidepressivos com mais eficácia do que outros.
Além das medicações, terapias também proporcionam bons resultados sendo muitas vezes recomendada a combinação de ambas as técnicas. A terapia cognitivo-comportamental é a que mais vem sendo estudada e apresentado bons resultados.